A
meninada da nossa vizinhança sempre brincou na rua, mas era somente durante as festas de São
João, Natal e Ano Novo que nossas mães nos permitiam ficar até altas horas da noite brincando e conversando em frente de casa (naquela época, anos 80/90, o bairro ainda era tranquilo). À medida que fomos crescendo, as conversas se tornaram mais comuns e
as brincadeiras como roda, academia, pique esconde, pique pega, barra bandeira
e queimada foram se tornando cada vez mais raras. Em uma noite de véspera de
Natal, não me recordo o ano, eu lembro que estávamos sentados em cinco amigos sobre
um tronco de coqueiro, que servia de banco, na frente da casa de uma amiga vizinha.
A faixa etária do grupo devia variar de dez até 16 anos, e estávamos um pouco
desanimados com aquela noite de Natal, talvez porque a situação financeira não
fosse boa para nenhuma das famílias ou porque já não enxergávamos mais o
encanto infantil do Natal. Foi quando
aconteceu algo realmente fantástico. Uma amiga começou a observar o céu e logo comentou com os demais: “Gente,
olha aquela nuvem como é igualzinha ao Papai Noel!” Nesse momento, olhamos
para o céu e estava lá, enorme, branca e solitária, uma nuvem que formava, sem nenhuma
falha: um trenó com um saco enorme, o papai Noel e duas renas à frente. Era uma visão quase que inacreditável. Imediatamente ficamos todos em silêncio, e com lágrimas nos olhos admiramos
aquela visão no céu, que deve ter durado uns cinco minutos, até começar a se
desfazer lentamente. Tivemos a certeza de que aquela noite de Natal foi
realmente mágica. Embora sem grandes brincadeiras ou presentes, estávamos ali
reunidos, contemplando algo que vimos e que tínhamos a certeza de que não era
abstrato. Porém, tratava-se de algo que ninguém mais veria, pois logo a nuvem se
desfez, sem dar chance para chamarmos algum adulto que pudesse constatar aquele
Papai Noel branco e fofo, igual a algodão pairando no céu.
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