Costumava contar tia Ana que, durante sua infância por volta dos anos 40, no Alto da Foice do bairro Casa
Amarela em Recife, um rapaz apelidado de Tutu era conhecido por suas brigas e
confusões. O antigo Alto da Foice, hoje em dia chamado de Alto Nossa Senhora de
Fátima, era assim chamado por causa das constantes brigas de foice entre os
moradores. Era costume comum, naquela época, que alguns moradores fizessem
grandes festas em seus quintais, onde havia muita dança, comida e bebida à
vontade. Tutu, por já ser conhecido por suas intromissões nas festas alheias, criando
desavenças e, por muitas vezes, encerrando a comemoração, nunca era convidado.
No entanto, Tutu sempre aparecia de
penetra nas festas, e já macaqueados com a situação, o pessoal já dizia
amedrontado: “Lá vem Tutu!”. O danado do
Tutu entrava nas festas, fazia bagunça, brigava com todo mundo, e só saia da
festa quando a polícia era chamada. O tal do Tutu, mesmo seguido pela polícia,
se envultava na frente dos guardas, que ficavam perdidos sem saber onde o
danado do rapaz havia se metido. O povo falava que Tutu se envultava porque, na
verdade, havia feito um feitiço poderoso, capaz de deixá-lo invisível ou
trasformar-se em um objeto ou um animal. O feitiço consistia em encontrar um
gato preto sem sinal de cor alguma, colocá-lo vivo em um caldeirão no fogão e
esperar pelo seu cozimento até sua completa diluição. Feito isso, o passo
seguinte consistia em separar todos os ossos do gato e, na frente de um espelho
virgem, levar à boca ossinho por ossinho, fazendo uma determinada oração.
Quando, o ossinho certo fosse posto na boca, o indivíduo não mais veria sua
imagem no espelho. Assim, Tutu continuava a fazer suas peripécias pelo Alto da
Foice, ora fazendo prezepadas com os vizinhos, ora se envultando e fugindo da
polícia.
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