Tia Ana conta que seus vizinhos, no Alto da
Foice, relatavam um curioso caso sobre uma família abastada, que morava em um
casarão no bairro de Dois Irmãos em Recife. Segundo os relatos, os donos da
casa frequentemente contratavam uma ama de leite, cuja função seria amamentar
um suposto bebê da família. Porém, ao chegar a casa, logo a ama percebia que
sua tarefa se tratava de algo um tanto quanto mórbido, pois ela deveria
amamentar não uma criança, mas um adulto enfermo, cuja enfermidade supostamente
seria atenuada com uma dieta, digamos, bastante estranha. Uma das amas de leite
contratada para o serviço, terminou por concordar em amamentar o homem, visto
que seria muito bem remunerada. Mas, tamanha foi sua surpresa ao perceber que o
homem sugava tão fortemente seus seios, exaurindo todo seu leite e chegando até
mesmo a sugar seu próprio sangue. A mulher, apavorada, saiu correndo do
casarão, pulando o muro e sem receber nada em troca pelo serviço. Nesse ponto,
caro leitor, você deve estar se perguntando onde o Papa Figo entra nessa história
bizarra. A questão é que o homem enfermo era portador de lepra ou hanseníase, o
que naquela época levava a graves deformações por falta de tratamento,
incluindo as orelhas caídas e aparentemente crescidas, diagnóstico certeiro, para
a maioria das pessoas, de que o indivíduo tratava-se mesmo de um Papa Figo – um
comedor de fígado humano, especialmente de meninos, muito conhecido em Recife e
arredores. Unindo a aparência do moribundo ao hábito grotesco de alimentar-se
de leite materno, esse boato terminou correndo pelos bairros mais humildes,
onde provavelmente moravam outras possíveis amas de leite, que passaram pelo
mesmo sinistro pesadelo.
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